Quando eu tinha cerca de seis para sete anos de idade, minha mãe levou a gente para passear na casa do meu avô, lá em Açaraí, Minas gerais.
Nossa viagem foi de jipe. Lá pela madrugada, eu deitado no colo de minha mãe, acordei e pude observar o lindo céu estrelado. Eu nunca tinha visto um céu tão bonito em uma viagem.
Chegamos na casa do meu avô logo quando o dia amanhecia; meu tio Jairo estava tirando leite das vacas, e me chamou para ver.
Vendo ele eu observar ele a tirar o leite, me ofereceu uma caneca de leite, e eu disse que ainda não tinha não tinha ido na cozinha para tomar café com leite. E ele disse que era para eu tomar o leite tirado diretamente do peito da vaca. Então, ele tomou uma caneca esmaltada, apertou as tetas da vaca, e encheu a caneca de leite.
Ao ver a caneca cheia daquele leite espumoso, minha boca encheu dágua, de tanta vontade de tomar ele. Quando ele me deu o leite, eu só fiz: glut, glut, glut, glut, e tomei toda caneca daquele tão gostoso leite.
À noite, meu tio levou a gente na fazenda de uma vizinha por nome Benvinda, para passear e balançar.
Lá tinha uns balanços feitos com corrente grandes, e bons para a gente balançar.
Lá pelas oito e meia da noite, vem vindo nossos avós, a passos Largos, dizendo que era para irmos para casa rapidamente, porque tinha assombração no caminho. Fiquei com um enorme medo temendo que a gente pudesse morrer ou ser machucado por esse bicho que eu nem conheço.
As pessoas grandes foram na frente, e nós atrás deles, bem escondidinhos, de tanto medo. No caminho, a assombração começou a atacar. Jogava torrões que caiam perto da gente e se espalhavam pelo chão, porém a gente procurava os pedaços espalhados, e não havia sequer um para confirmar a história. De repente, outro Torrão foi jogado pelas nossas costas, e eu cheguei a sentir os pedacinhos bater nas minhas pernas. Foi quando gritei alto:
- Socorro! Socorro! Fui acertado por um torrão! Ao olhar em minhas pernas, vi que nada tinha acontecido, e não havia sequer um pedaço de pedra ou Torrão pelo chão.
Chegamos apressados em casa, fechamos a porta, e fomos logo deitar. Meus avós e minha mãe ficaram sentados na cozinha. Minha mãe ficou sentada em uma caixa de mantimentos encostada na parede, e meu vô sentado em uma cadeira logo em sua frente.
Do lado de fora a gente só ouvia cavalos correndo, cachorros latindo, sem que não haviam cavalos nem cachorros. O medo era grande. Eu e meus irmãos cobrimos os pés e as cabeças, abraçados uns aos outros, com o maior medo do mundo.
Enquanto isso, na sala, sentada na caixa, minha mãe sente alguma coisa mexendo em suas costas, e clamou com meu avô:
- Aqui parece ter tantos ratos aqui, que chegam a andar pelas costas da gente!
Meu avô só olha para ela e diz:
- Vamos dormir urgente que é o melhor que a gente vai fazer.
No outro dia, na hora de tomar café, meu avô conta que, o que mexia nas costas da minha mãe, era uma mão que descia da parede; por isso, ele achou que era melhor todo mundo ir dormir.
Ficamos tão assustados e com tanto medo que, no outro dia, juntamos nossas malas e voltamos para nossa casa, onde não havia assombração.